Descoberta nova camada no manto terrestre
Um grupo de físicos dos EUA e de França demonstrou a existência de uma camada, previamente desconhecida, do manto do interior da Terra. O manto, constituído por minerais contendo principalmente óxidos de silício e magnésio, divide-se por sua vez em duas partes.
O manto inferior, situado na gama de profundidades entre os 650 e os 2900 km e constituindo mais de metade do volume da Terra, distingue-se do manto superior, de profundidades entre 30 e 650 km, por ter uma composição mais rica em ferro e mais estável quimicamente.
A diferente composição química influencia a densidade do manto, que aumenta com a profundidade, à medida que este se torna mais rico em ferro. Esta densidade depende dos diferentes estados de spin dos electrões nos átomos de ferro, que podem dar origem a uma maior ou menor aglomeração consoante o balanço das forças de atracção e repulsão entre átomos com spins diferentes. Estes spins deveriam passar gradualmente do estado "para cima" para o estado "para baixo", à medida que a profundidade aumenta (e a pressão e a temperatura). Mas, num estudo publicado na Science de 21 de Setembro, uma equipa liderada por Jung-Fu Lin do Laboratório Lawrence Livermore nos EUA descobriu, através da espectroscopia de raios X de óxidos de ferro e magnésio a altas temperaturas e pressões, que esta transição de spin (e variação de densidade) deveria ser muito mais abrupta e concentrar-se numa nova camada, situada entre os 1000 e os 2200 km de profundidade, denominada "zona de transição de spin".
Estes novos dados sobre a densidade do manto podem dar origem a novas teorias sobre a propagação de ondas sísmicas no interior da Terra, uma vez que a velocidade destas ondas aumenta com a densidade.
Figura: de http://www.llnl.gov/pao/news/news_releases/2007/NR-07-09-03.html, créditos de Gyorgy Vanko/KFKI Research Institute for Particle and Nuclear Physics e European Synchrotron Radiation Facility, e Steve Jacobsen/Northwestern University
Publicado/editado: 27/11/2007