Astrónomos esclarecem a origem das supernovas
No modelo para as supernovas do tipo Ia mais comummente aceite, a anã branca, antes de explodir, interage com uma estrela parceira muito maior. Devido ao campo gravitacional muito forte produzido pela anã branca e à proximidade das duas estrelas, a estrela parceira perde massa continuamente, alimentando a anã branca. Quando a massa da anã branca atinge um valor crítico, esta explode.
Para tentar obter mais informações sobre estas explosões e confirmar este modelo, uma equipa de astrónomos liderada por Ferdinando Patat, do Observatório Europeu do Sul, decidiu procurar sinais da matéria absorvida pela anã branca na restante matéria que a rodeia. A ideia é que a estrela dadora expele matéria em todas as direcções. A matéria que não é absorvida pela anã branca absorve radiação de certos comprimentos de onda.
A observação foi realizada durante quatro meses na supernova SN 2006X, que explodiu há 70 milhões de anos-luz na galáxia Messier 100, utilizando um espectógrafo montado no telescópio VLT (very large telescope), no Chile. A descoberta mais notável é uma evolução clara nas linhas de sódio do espectro de absorção ao longo dos quatro meses. Esta alteração no espectro permite aos astrónomos concluírem que a matéria que rodeia a anã branca não é um contínuo, sendo formada por camadas. Este comportamento é típico de ventos de gigantes vermelhas, e permite excluir um modelo alternativo, segundo o qual as supernovas resultariam do colapso de duas anãs brancas. O sistema que explodiu seria, portanto, provavelmente constituído por uma anã branca que aspirava gás da sua parceira, uma gigante vermelha, até explodir. Esta é a primeira vez que se encontram provas tão directas e claras do material que rodeava a anã branca.
O trabalho foi publicado na revista Science Express no mês de Julho.
Figura: supernova retirada de
http://www.techno-science.net/?onglet=news&news=4295, cortesia da ESO.
Publicado/editado: 29/11/2007