Dizia Voltaire que se a ideia de Deus não existisse teria de ser inventada. O mesmo se pode dizer da matéria escura, inventada pelo físico Fritz Zwicky em 1934, para explicar as medidas das velocidades das estrelas à volta dos centros das galáxias e salvar a teoria da
gravitação de Einstein. Mesmo apesar de cerca de 96% do universo ser constituído por matéria escura e energia escura segundo os cálculos da teoria actual, a matéria escura, cerca de 4 vezes mais do que a matéria normal, tem recusado a mostrar-se. É uma verdadeira face oculta do Universo a envolver galáxias, e clusters de galáxias.
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Dizia Voltaire que se a ideia de Deus não existisse teria de ser inventada. O mesmo se pode dizer da matéria escura, inventada pelo físico Fritz Zwicky em 1934, para explicar as medidas das velocidades das estrelas à volta dos centros das galáxias e salvar a teoria da
gravitação de Einstein. Mesmo apesar de cerca de 96% do universo ser constituído por matéria escura e energia escura segundo os cálculos da teoria actual, a matéria escura, cerca de 4 vezes mais do que a matéria normal, tem recusado a mostrar-se. É uma verdadeira face oculta do Universo a envolver galáxias, e clusters de galáxias.
A fechar 2009, a 18 Dezembro, foi anunciado que um primeiro sinal da matéria escura pode ter aparecido aos físicos da colaboração CDMS, uma experiência num laboratório subterrâneo montado numa mina do Minnesota, para blindar os falsos alarmes provenientes de sinais da matéria normal. Os possíveis sinais da matéria escura apareceram em detectores de cristais de germânio e silício dessa mina, arrefecidos a quase zero graus absolutos (-273ºC) de temperatura. Ainda é cedo para dizer se o sinal obtido é estatisticamente significativo pois foram obtidos 2 sinais apenas, e um mínimo de 5 seriam necessários que o resultado fosse conclusivo.
Foi mesmo assim uma boa notícia para a Física, a fechar a ciência de 2009. A juntar a outros sinais, que parecem corresponder à aniquilação de matéria escura na nossa galáxia - tal como um electrão ao colidir com a sua anti-partícula, o positrão, se aniquila. Sinais estes obtidos, não em minas, mas em satélites, no espaço fora da Terra, como no telescópio de raios cósmicos PAMELA, no balão ATIC (Advanced Thin Ionization Calorimeter) e no Fermi Gamma-ray Space Telescope.
Também em Dezembro de 2009, no "hiper" acelerador LHC no CERN, depois de uma paragem forçada de um ano para controlo de uma avaria, o feixe de protões atingiu 2.36 TeV de energia. Há pois, para o novo ano, uma esperança de a matéria escura poder ser criada no laboratório, tal como o é no Universo. A decisiva prova dos nove sobre a natureza da matéria escura será depois comparar o sinal da mina em Minnesota com o que possa obter-se no acelerador em Genebra. Se os dois sinais forem idênticos, então a face oculta do Universo será obrigada a revelar-se, depois de tanto tempo à solta. Seria um desfecho feliz para uma investigação científica, em que, como nas investigações policiais, a coincidência de impressões digitais tudo esclarece!
(Teresa Peña)