8 de março | Dia Internacional da Mulher - Celebremos colegas que se distinguiram

Maria da Conceição Bento (1958 - 2009)

Maria da Conceição Carrasquinho Apolónia Bento, nasceu a 30 de junho de 1958 em Lisboa.

Licenciou-se em Física na Faculdade de Ciencias da Universidade de Lisboa em 1981

Doutorou-se na  University de Oxford em 1987.

Professora do IST e investigadora do Centro de Física Teórica de Partículas (CFTP) desde 1987.

Área de Investigação - Física de Partículas focada na física de Higgs e modelos de supergravidade derivados no limite de baixa energia da teoria das cordas. Ela interessou-se por problemas teóricos na interface da cosmologia e da física de partículas de alta energia, ou seja, nas questões de energia escura, matéria escura e inflação.

Teve posições académicas e de investigação na University de Heidelberg, University of London e Divisão de Física Teórica no CERN.

Recebeu as seguintes distinções:

1999 - Prémio nos Essay Contest of the Gravity Research Foundation pelo trabalho "Compactification, Vacuum Energy and Quintessence", escrito com O. Bertolami.   1995 e 2003 - Honourable Mentions nos mesmos Essay Contest.

 2001 -  Prémio da União Latina/Universidade Técnica pelo artigo "Cosmological Constraints on an Invisibly Decaying Higgs Boson". com  Orfeu Bertolami e Rogério Rosenfeld.

Publicou 53 artigos científicos, 18 Comunicações em Proceedings de Conferência e teve 1958 citações.

Faleceu a 16 de março de 2009 em Oeiras.

Mãe da jornalista Marina Bento Bertolami.

Deixou um legado de trabalho científico de grande qualidade e impacto internacional.


Maria Adelaide Moreira Brandão (1939 - 2008)

Nasceu na Casa de Telarda de Baixo, freguesia de Rossas, concelho de Arouca. Foi a primeira de sete irmãos, filhos de José Teixeira de Pinho Brandão e de D. Helena Moreira Brandão, aquele natural da Casa de Telarda, freguesia de Rossas, e esta natural da Casa de Souto Rei, freguesia de Várzea, concelho de Arouca. Completou a escola primária com distinção e, fazendo valer a sua vontade de continuar a estudar, fez o curso dos liceus, que concluiu, na área de Ciências, com elevadas classificações, tendo ganho o Prémio Nacional no fim do curso. Inscreveu-se no curso de Ciências Físico-Químicas, na Universidade do Porto, tendo concluído a licenciatura na Universidade de Coimbra, em 1962. Convidada para Assistente na Universidade do Porto, preferiu aceitar o convite que lhe foi feito para Assistente do Laboratório de Física da Universidade de Coimbra. Foi aí que, a par das aulas práticas e teórico-práticas que regeu, iniciou a sua actividade de investigação científica no domínio da Física Nuclear. A sua determinação em fazer o doutoramento na área da Física das Altas Energias (ou Física das Partículas Elementares), que não existia em Portugal, levou-a a sair do País com uma bolsa do então Instituto de Alta Cultura (IAC). Entrou em Outubro de 1968 no Laboratório de Física Nuclear e Altas Energias da Universidade de Paris VI (Sorbonne). Realizou parte do seu trabalho experimental no CERN – Centre Européan de Recherches Nucleaires. Concluiu o Doutoramento de Estado em Dezembro de 1973, obtendo o grau de Docteur-ès-Sciences Physiques, com a classificação de Très Honorable. Foi equiparada a Doutor em Física pelas Universidades Portuguesas em 1974. Após o seu regresso ao País (onde chegou precisamente no dia 25 de Abril de 1974), foi convidada para membro da Delegação de Portugal junto da OCDE em Paris, onde ocupou, até 1979, o lugar de Conselheira Científica, responsável pelos comités de Política Científica, Educação e Indústria, Energia e Ambiente e Energia Nuclear. Foi durante este período que participou nas negociações para a entrada de Portugal como membro da Agência Internacional de Energia da OCDE. Regressada a Portugal em 1980, retomou o seu lugar de Investigadora do INIC – Instituto Nacional de Investigação Científica, onde dirigiu a elaboração de documentos relativos à Política Energética Nacional. No início dos anos 80, e na sequência deste seu trabalho, foi convidada pelo Presidente do então Laboratório Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial (LNETI) a fundar, naquele Laboratório do Estado, um Departamento de Energias Renováveis (DER) tendo como ponto de partida um núcleo de técnicos existente no então Departamento de Energia que já se dedicava ao estudo da utilização de energias renováveis. Dada a crise energética dos anos 70 a sua acção revestiu‑se da maior importância e actualidade. O DER foi criado para desenvolver actividades de ID&D em domínios que ainda hoje existem no actual DER, designadamente, Energia Solar Térmica e Fotovoltaica, Energia Eólica, Energias da Biomassa, Energia dos Oceanos. A Doutora Maria Adelaide Brandão construiu um Departamento de Investigação Científica, numa área que não existia estruturada em Portugal, definindo as suas actividades, adquirindo equipamentos para o seu desenvolvimento experimental, recrutando recursos humanos e criando incentivos para a sua formação complementar, no país e/ou no estrangeiro, do que resultou a obtenção do grau de doutoramento nestas áreas de parte apreciável do seu pessoal e estabelecendo protocolos e colaborações com Universidades e Centros de Investigação nacionais e estrangeiros. Em 1991 e por sugestão do seu marido, Prof. António de Pádua Loureiro, do Instituto Superior Técnico, iniciou o Salão Cultural que veio a ser registado como Universitas Gratiae e que teve, e se espera continue a ter, uma actividade cultural intensa e regular na forma de seminários, sessões musicais, poesia, mostras de fotografia e pintura. Transcrevem-se as suas palavras duma entrevista dada à revista Faces de Eva (Número 18, ano 2007): «A par do meu gosto pelo estudo e da minha determinação, sem a minha capacidade de enfrentar o novo, aquilo que eu penso serem ingredientes de uma mulher livre perante o desafio que é a vida, não teria certamente feito a carreira que fiz»."


 

Carmen de Lourdes Faria Goinhas (1925 – 2013), natural de uma freguesia de Beja foi professora de Físico-Químicas do Liceu Nacional Diogo de Gouveia de Beja.

Tendo-se licenciado com distinção em Físico-Químicas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, foi convidada para assistente mas optou por dedicar-se ao ensino básico e secundário, uma carreira que abraçou com entusiamo e dedicação. Entendia ser indispensável ao ensino da Física e da Química a componente experimental, desde o nível de iniciação, por conseguinte  fazia frequentemente demonstrações nas aulas, mantinha o laboratório do Liceu sempre bem equipado e  todos os alunos tinham  o seu próprio “laboratório portátil” de Química, que  podia até ser uma  simples caixa de sapatos.

O seu ensino pautava -se pela clareza e exigência, mas também pela compreensão e sentido de humor, sendo os alunos encorajados a ter um papel activo.

Carmen Goinhas foi uma educadora  que não se limitava a proporcionar aos alunos um ensino de excelência na sua área científica, ela  era também dinamizadora de diversas actividades formativas, desde campos de férias a sessões culturais sobre variados temas.

O espaço e os meios para levar a cabo estas actividades, e também para apoiar estudantes carenciadas, provinham em grande parte do Centro da Mocidade Portuguesa Feminina, do qual foi uma directora muito crítica, sem nunca perder a sua independência ideológica.

Coerente com o seu sistema de valores, foi por diversas vezes testemunha de defesa de alunos  levados a tribunal por actividades contra o regime, em particular de um aluno implicado no assalto ao Quartel de Beja em 31 de Dezembro de 1961.


 

Maria Augusta Perez Fernandez da Silva (1921-2009)

Nasceu em Lisboa 1921, com nacionalidade espanhola. Fez o curso dos liceus no Instituto Espanhol de Lisboa e prosseguiu os estudos universitários  na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Licenciou-se  em Matemática em 1943.

Em 1946 integra o grupo de fundadores da Gazeta de Física, tendo sido Secretária da Revista até 1964.

Em 1947 concluiu a licenciatura em geofísica. As expulsões e perseguições universitárias que ocorrem nesse ano e que afetaram muito especialmente a Faculdade de Ciências e as áreas das Ciências Exatas tornaram difícil pensar numa carreira académica.

Em 1951 concluiu o Curso de Ciências Pedagógicas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Também em 1951, entra como estagiária para o laboratório de Física do Instituto Português de Oncologia (IPO). Em 1952, fez uma pós-graduação para Utilizadores de Radioelementos em Paris, Comissariat à l’énergie atomique. Casou-se, nesse ano, com um português.

Em 1953 passou a integrar o recém-criado Laboratório de Isótopos Abílio Lopes do Rego do IPO onde se fizeram e estudaram as primeiras aplicações de física nuclear à saúde. Aí prosseguiu carreira na área da medicina nuclear. Como física integrou em 1971/72 a comissão para a aquisição do primeiro acelerador de partículas para o IPO. Foi responsável por diversas acções de formação, quer pós-graduada quer para alunos de medicina, de técnicas de medicina nuclear.

É autora ou co-autora de cerca de meia centena de trabalhos, artigos e estudos de aplicações de física nuclear à medicina. Dois desses trabalhos de colaboração, foram premiados: um em 1969, 1º prémio Alexandre Cancela de Abreu, atribuído pela Sociedade de Ciências Médicas dos Hospitais Civis de Lisboa o outro, em 1979, foi  2º Prémio Pfizer.


 


Publicado/editado: 01/03/2021

© 2019 Sociedade Portuguesa de Física