Capa
Volume 46 / Fascículo 3
Dezembro 2023
Conteúdo restrito a subscritores

Na nossa vida quotidiana, mas também em Ciência e Tecnologia, a medição do tempo desempenha um papel fulcral. Desde o controlo de processos industriais, da capacidade de sincronização de sinais em telecomunicações, da frequência elevada dos relógios de computadores ou da simples organização das tarefas diárias, a medição do tempo desde há muito que vem sendo progressivamente aprofundada. A sua contínua melhoria tem permitido proporcionar cada vez maior exatidão, eficiência e coordenação nas mais diversas atividades humanas. Dentre as aplicações possíveis, refira-se a navegação, posicionamento e localização de navios no mar, cuja necessidade inspirou o desenvolvimento de cronómetros marítimos cada vez mais fiáveis e exatos, para a correta determinação da longitude, cuja história nos mostra Carlos Herdeiro na sua Crónica neste número.


Pierre Agostini, Ferenc Krausz, e Anne L'Huillier foram homenageados com o Prémio Nobel da Física deste ano, pela sua investigação pioneira nos métodos experimentais que "geram pulsos de luz com duração de attossegundos para o estudo da dinâmica de eletrões na matéria". Esse trabalho, que remonta aos anos 1980-90, representa uma verdadeira tour de force no desenvolvimento de técnicas experimentais inovadoras e controlo avançado de sistemas laser.

Um attossegundo (1 as = 10-18 segundos) é tão breve que o número de attossegundos num segundo é aproximadamente o dobro do número total de segundos da idade estimada do Universo, de acordo com o modelo cosmológico padrão.


Francisco Martins de Sousa Nazareth (14-06-1889 / 18-01-1971) salientou-se como um dos pioneiros, em Portugal, na investigação sobre a detecção de partículas ionizadas, após realizar um estágio com Madame Curie, em Paris. Neste artigo, analisamos sumariamente a sua actividade como professor de Física, na Universidade de Coimbra (UC). São tratados tópicos como o contexto da investigação científica no início do século XX e, em particular, a situação do Laboratório de Física da UC, ligando-os com a actividade científica de Nazareth. Para além do seu trabalho de professor e cientista, abordamos a sua convivência com o pintor e escritor Almada
Negreiros e com o escritor Fernando Pessoa, e a representação que o primeiro fez de Nazareth numa obra para o café “A Brasileira”, no Chiado, em Lisboa.


Em 1943, quando a Segunda Guerra Mundial estava ainda em pleno na Europa, surgiu em Portugal uma nova revista científica, a Portugaliae Physica, em resultado do esforço de um pequeno grupo de físicos que tentavam fomentar a sua disciplina num clima de grande adversidade.
Com efeito, António de Oliveira Salazar (1889-1970), que era presidente do Conselho de Ministros desde 1932, não foi um defensor da ciência. A ideia deles era divulgar, à escala internacional, trabalhos originais em todas as áreas da Física tanto de carácter teórico como de carácter experimental e aplicado [1]. A revista Nature, com data de 15 de Julho de 1944, saudou deste modo a nova revista: “Numa época em que o estudo da ciência pura foi necessariamente substituído para muitos por atividades mais severas, é agradável perceber que ainda existem países onde está a crescer e são necessários novos meios de publicação” [2].


Na Física do 10.º ano, na atividade laboratorial “AL 1.2. Movimento vertical de queda e de ressalto de uma bola: transformações e transferências de energia”, é habitual deixar cair uma bola de uma determinada altura e usar um sistema de aquisição de dados para medir as correspondentes alturas de ressalto. Nesta atividade, de acordo com as aprendizagens essenciais (AE), é sugerido “investigar, experimentalmente, o movimento vertical de queda e de ressalto de uma bola, com base em considerações energéticas”. Além disso, é importante “comparar energias dissipadas na colisão de uma mesma bola com diferentes superfícies, ou de bolas diferentes na mesma superfície, a partir dos declives das retas de regressão de gráficos da altura de ressalto em função da altura de queda”.

Neste artigo, explicamos como esta atividade laboratorial pode ser facilmente realizada com a aplicação phyphox instalada num telemóvel.


Determinar a posição de um navio no mar, sem pontos de referência terrestres, é um problema central da navegação.
No Sec. XVII, enquanto que a determinação da latitude estava - em teoria - controlada pela mediação da altura angular da estrela polar (no hemisfério norte) com quadrantes, ou do Sol no ponto mais alto do dia, a determinação da longitude era um problema em aberto.
Dada a importância da navegação marítima, em virtude da globalização ocorrida nos sec. XVI e XVII, em 1675, o rei Carlos II de Inglaterra ordenou a construção, em Greenwich, de um observatório real para se encontrar a “tão desejada longitude no mar alto”. Eventualmente, a localização deste observatório passará a determinar o meridiano de referência.


Este ano, o prémio Nobel da Física foi atribuído aos físicos Pierre Agostini, Ferenc Krausz e Anne L’Huillier por terem proposto um método experimental que permite medir intervalos de tempo muito, muito pequenos. É um método muito importante para podermos compreender como se comportam as pequenas partículas que formam a matéria.
Imagina medir com uma ampulheta de 3 minutos o tempo necessário para correr 100 metros: o campeão olímpico demora menos de 10 segundos… A ampulheta de 3 minutos não nos permite fazer aquela medição.
O mesmo acontece com a duração dos processos que ocorrem dentro destas pequenas partículas como os átomos e moléculas: os métodos de medir o tempo não serviam. Desde tempos passados, o ser humano tem desenvolvido técnicas variadas para medir o tempo. Exemplos dos mais antigos são as ampulhetas, clepsidras, relógios de sol, relógios de pêndulo. Presentemente, todos carregamos um cronómetro no nosso telemóvel que mede centésimos de segundos...


A notícia da morte de Hubert Reeves (1932-2023) transportou-me para a minha adolescência. De facto, o seu livro "Um pouco mais de azul", editado pela Gradiva em 1983, marcou-me ao ponto de ser uma das sementes que me levou a querer ser físico e participar na maravilhosa aventura que é a descoberta do nosso universo.
Reeves dedicou-se ao estudo da formação dos elementos químicos nos primórdios do Universo e foi um divulgador de ciência conhecido à escala planetária. A sua paixão pela ciência não era separável do prazer de falar sobre ela. Segundo ele, a astronomia permitia compreender e fazer Física, mas também sonhar, o que tornava este ramo científico apelativo para o grande público. O que o movia era a curiosidade, que não conhecia fronteiras.
Numa entrevista à Gazeta de Física, declarava que sempre quis conhecer o universo onde vivemos, interessando-se desde novo por ciência, fosse a Física, a Astronomia ou a Botânica, tendo optado pela primeira apenas porque gostava de Matemática.


A equipa portuguesa que participou na Olimpíada Ibero-Americana de Física, que decorreu de 23 a 30 de setembro, arrecadou uma medalha de ouro e três medalhas de bronze numa excelente participação no evento.

Esta edição da Olimpíada Ibero-Americana de Física foi organizada pela Costa Rica e teve a participação de 68 estudantes matriculados no ensino secundário no ano letivo de 2022/2023 provenientes de 18 países do espaço iberoamericano. Incluiu problemas de termodinâmica, mecânica, astrofísica e de eletromagnetismo. 

As Olimpíadas de Física são uma atividade promovida pela Sociedade Portuguesa de Física com o apoio do Ministério da Educação, da Agência Ciência Viva e da Fundação Calouste Gulbenkian.


Em 22 de setembro de 2023, foi inaugurado um novo Sítio Histórico da Sociedade Europeia de Física (EPS), neste caso, a casa do antigo Gabinete de Física de Daniel Bernoulli, em Basileia, na Suíça. Durante o período em que esteve na Universidade de Basileia, Daniel Bernoulli montou uma grande coleção de experiências de demonstração que ele usava para ensinar e realizar palestras públicas. A casa onde se encontrava o Gabinete e onde eram guardadas as experiências, ainda hoje pertence à Universidade de Basileia, sendo atualmente utilizada como centro de virologia clínica. A inauguração deste novo Sítio envolveu um programa de palestras dedicadas à vida e obra de Bernoulli, tendo terminado com o descerramento de uma placa comemorativa.


De 1 a 2 de fevereiro de 2024, irá realizar-se a Escola Magnetism in Portugal 2024 - School of Metrology in Magnetism, que terá lugar na zona de Lisboa, em Bobadela.
Esta escola de magnetismo é organizada pelo Campus Tecnológico e Nuclear do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa. O objetivo é oferecer aos estudantes, jovens investigadores, e à comunidade científica em geral, a oportunidade de conhecer o estado da arte e os desafios de medição numa ampla variedade de tópicos relacionados com o magnetismo, ao mesmo tempo que interagem com grupos de investigação ativos de diferentes instituições portuguesas.


A Sociedade Portuguesa de Física e a Divisão de Física da Matéria Condensada da Sociedade Europeia de Física estão a organizar em conjunto a 31.ª Conferência Geral de Física da Matéria Condensada – CMD31, em Braga, entre os dias 2 e 6 de setembro de 2024.

Esta conferência é a maior conferência europeia nesta área científica, tendo habitualmente atraído mais de 600 participantes. Tal como nas edições anteriores, serão convidados investigadores de mérito internacional, para proferirem palestras plenárias e semi-plenárias em tópicos de especial relevância e com grande impacto tanto ao nível fundamental como aplicado e tecnológico. Os participantes desta conferência também podem propor minicolóquios nas suas respetivas áreas de especialidade, alargando assim os temas desta conferência e atraindo mais investigadores para a mesma. As Conferências Gerais da Física da Matéria Condensada têm sido capazes de mostrar o dinamismo da comunidade científica local, assim como da cultura, história e tradições nacionais dos países que as acolhem. 


Em 2024, será realizada a 5.ª Conferência de Física dos Países de Língua Portuguesa. Esta série de conferências já foi realizada em países da Comunidade de Países da Língua Portuguesa: 2010 em Maputo, 2012 em Rio de Janeiro, 2019 em São Tomé e 2022 em Cabo Verde.

A 5.ª conferência será realizada em 2024 em Coimbra, entre os dias 7 e 10 de setembro.
O objetivo desta série de conferências é a partilha de conhecimento científico e técnico entre países de diferentes saberes, mas com muito em comum desde a língua aos desafios da atualidade.


Ocorreu no passado dia 15 de setembro a cerimónia de encerramento do Ano Internacional das Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável (IYBSSD), no CERN, em Genebra, na Suíça. Entre os temas debatidos, refira-se a adoção recente de uma resolução pela Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 25 de agosto de 2023, proclamando 2024-2033 como a Década Internacional das Ciências para o Desenvolvimento Sustentável.

 


A 24.ª Conferência Nacional de Física e o 34.º Encontro Ibérico para o Ensino da Física irá decorrer em 2024, de 11 a 14 de Setembro, em Coimbra.

Esta conferência bienal, organizada pela Sociedade Portuguesa de Física, tem sido um fórum de discussão e uma oportunidade de reunir uma grande comunidade de físicos a nível nacional, abrangendo docentes do Ensino Básico e Secundário,Investigadores e Professores Universitários e alunos de Mestrado e Doutoramento.

Em 2024, a conferência terá uma edição especial, uma vez que nela irá celebrar o 50º aniversário da fundação da SPF. Os temas principais da conferência são os Lasers Ultra-Rápidos, a Computação Quântica, a Inteligência Artificial na Física e os 50 anos da Sociedade Portuguesa de Física.

Mais informação: https://fisica2024.sci-meet.net/



© 2019 Sociedade Portuguesa de Física