Capa
Volume 29 / Fascículo 1 & 2
Janeiro 2006
Descarregar revista
A Conferência “As Energias do Presente e do Futuro” inseriu-se num conjunto de actividades que, sob o mesmo título, integraram o programa da Sociedade Portuguesa de Física para celebrar o Ano Internacional da Física 2005 em Portugal.
Os problemas energéticos têm condicionado o desenvolvimento sustentável da nossa sociedade, directamente ou através das suas implicações no clima e ambiente. Para além das políticas de eficiência energética e do aumento do recurso às energias renováveis, os governos devem investir, cada vez mais, na procura de novas tecnologias energéticas, capazes de serem fontes alternativas aos combustíveis fósseis e de proporcionarem uma solução global para os problemas energéticos da humanidade.
A primeira célula solar moderna foi apresentada em 1954. Tinha apenas dois centímetros quadrados de área e uma eficiência de 6%, gerando 5 m W de potência eléctrica. Cinquenta anos depois, em 2004, foram produzidos cerca de mil milhões de células, com eficiências da ordem dos 16%, ultrapassando pela primeira vez a barreira de 1 G W de potência eléctrica anual instalada.
O crescimento demográfico, a inovação técnica, a substituição e diversificação de “fontes primárias” de energia, a diversificação de vectores energéticos, a multiplicação das utilizações de “energia final” , a omnipresença de “ máquinas” e a integração económica mundial, são conducentes à intensificação da utilização de energia que suporta o “ crescimento económico” . Será este sustentável?
Apresenta-se uma breve descrição do sistema climático terrestre e uma análise das causas da variabilidade climática natural, especialmente da alternância entre períodos glaciares e interglaciares nos últimos 600 000 anos. Desde o início da revolução industrial e sobretudo mais recentemente, as actividades humanas têm provocado uma interferência sobre o sistema climático por meio das emissões crescentes de gases com efeito de estufa para a atmosfera.
É feita uma breve descrição das principais tecnologias para aproveitamento da energia solar por via térmica, disponíveis hoje em Portugal. São referidas as oportunidades que resultam da exploração das tecnologias solares ditas passivas (o aproveitamento directo da energia solar na própria concepção/configuração e estrutura dos edifícios) e das tecnologias activas, com vários tipos de colectores solares e respectivas aplicações principais.
A energia solar fotovoltaica vai desempenhar um papel cada vez mais relevante na produção de energia eléctrica nas próximas dezenas de anos. A produção actualmente cresce acima de 30%/ano, estimulada por políticas de incentivo, tendo ultrapassado o marco de 1 G W anual de potência instalada.
Refere-se a evolução dos biocombustíveis no sector dos transportes, apresentando as principais razões que conduziram ao seu aparecimento e implementação. Compara-se a situação de Portugal com a da União Europeia e apontam-se algumas causas para a inicial falta de interesse a nível nacional e os constrangimentos detectados. Apresentam-se os vários cenários a ter em conta para a consolidação de uma fileira de utilização de biocombustíveis num futuro próximo.
Embora seja o elemento mais abundante no Universo, na Terra o hidrogénio não existe no seu estado puro, podendo ser gerado através de uma grande diversidade de processos e de fontes de energia. Na Terra o hidrogénio não é pois uma fonte de energia, sendo apenas um portador de energia com um elevado potencial de aplicação. O hidrogénio pode ser convertido directamente em electricidade através de células de combustível, com elevado rendimento e reduzido impacto ambiental.
Apresentam-se as várias gerações da energia eléctrica produzida através da cisão nuclear; discutindo as suas vantagens e os seus inconvenientes. Pretende-se analisar de forma objectiva as principais razões que explicam o facto desta forma de energia ser mal-amada pelo público em geral, que a excluiu até há pouco tempo do espectro político aceitável como uma das opções para fazer frente à debilidade estrutural representada pela enorme dependência de energia importada. Apresentam-se também os motivos que conduzem o autor a acreditar que o ressurgimento desta forma de geração eléctrica será inevitável no mundo ocidental, incluindo o nosso próprio país.
A investigação em fusão nuclear conduziu a progressos notáveis nas últimas décadas, permitindo enfrentar com confiança a próxima etapa destinada a demonstrar a viabilidade da fusão como fonte de energia, o projecto ITER Neste trabalho expõem-se os princípios básicos da fusão e o modo de funcionamento de um futuro reactor: Apresentam-se os progressos científicos e os avanços tecnológicos da fusão e descreve-se o projecto ITER. Finalmente analisa-se o papel relevante que a fusão deverá desempenhar nas opções energéticas para o futuro, tendo em conta a sua potencial capacidade de produzir energia eléctrica em larga escala, de forma competitiva e com reduzido impacto ambiental.
Os desafios económicos, energéticos e ambientais a que o sector dos transportes rodoviários se encontra sujeito têm servido de estímulo ao desenvolvimento de novas tecnologias de propulsão assim como de novos combustíveis. Aborda-se aqui a questão da introdução de veículos e combustíveis alternativos no sector dos transportes identificando os principais desafios e barreiras, assim como as potenciais vantagens a médio e longo prazo.
ordando que as políticas de transportes têm de perseguir objectivos mais vastos que o aumento da eficiência energética, expõem-se os conceitos básicos e fornecem-se exemplos de boas práticas no que respeita à procura de mobilidade e à gestão dos fluxos e comportamento dos condutores e veículos nesses fluxos, mostrando a multiplicidade de frentes em que é possível actuar para haver sucesso. Apresenta-se o conceito recente de Vehicle-to-Grid, no qual os veículos de transporte individual deixam de ser apenas consumidores de energia, passando também a ter um papel de fornecedores à rede eléctrica, sobretudo em situações de pico de procura ou de perturbação no fornecimento de base.
Neste trabalho descrevem-se e caracterizam-se, de forma sintética, os desafios que os sistemas eléctricos de energia enfrentam como resultado da introdução do conceito de produção distribuída, da necessidade de exploração intensiva de recursos energéticos renováveis e da introdução de conceitos de mercado na gestão técnica e comercial do sistema.

© 2019 Sociedade Portuguesa de Física